domingo, 31 de outubro de 2010

Política

Hoje é o dia da decisão no Brasil. E aqui em Paris as coisas andam tão perturbadas quanto aí. Mas eu nem curto falar de política. Gosto de votar (tirei meu título com 16 anos quando nem era obrigada) e ajudar a decidir o futuro do meu país. Mas não sou o tipo de pessoa que senta numa mesa de bar e fica discutindo tal e tal candidato, analisando a situação, lendo o caderno de política do jornal. Acho chato, de verdade. Me cansa também as campanhas por facebook e afins. No entanto foram tantas pessoas me perguntando sobre as greves e como anda o caos em Paris e tanta gente brigando por candidato que resolvi me posicionar. Ou melhor, comentar como andam as coisas por aqui. Pra mim, chegar na França e descobrir que a maioria odeia Sarkosy foi tão surpreendente quanto descobrir que todos conhecem e amam o Lula. Na minha opinião seu governo teve pontos fortes e fracos, mas não quero entrar nesse ponto.
A verdade é que o mundo inteiro está um caos e ninguém sabe direito o que fazer. Aqui as greves estão tomando conta. Não cheguei a presenciar nenhuma manifestação caótica, mas Paulinha tem um video sobre isso na rua dela.
O que me tocou foram os metrôs mais lotados do que sexta-feira véspera de feriado, às 17hs na Central do Brasil e com atrasos de 15/25 minutos. Saí mais cedo de casa e passei alguns apertos mas nada de extraordinário. No entanto o clima é tenso. Hoje fui deixar a Pamela no aeroporto e quando estávamos na fila do taxfree acharam uma bolsa verde esquecida do lado do guichet. Foi o suficiente! Esvaziaram o local, anunciaram no alto falante a bolsa esquecida por uma hora e depois que o dono não apareceu a encaminharam para o setor de polícia e a destruíram. Isso tem acontecido constantemente nos meios de transporte parisienses. O alto falante fica o tempo todo anunciando "Não esqueçam suas bolsas/sacolas em nenhum lugar e se achar alguma avise IMEDIATAMENTE à polícia". Estão todos paranóicos. A Torre já foi esvaziada não sei quantas vezes com suspeitas de bombas e linhas do metrô que levam aos pontos turísticas fechadas por tempo indeterminado. O medo tomou conta. Além da greve que luta contra o aumento da idade mínima para aposentadoria, Sarkosy está querendo e conseguindo expulsar inúmeros estrangeiros ilegais. Acontece que Paris sobrevive deles e é aí que começa a confusão. A greve já dura 2 semanas ou mais, cada hora atacando um ponto. Na semana passada bloquearam os acessos aos depósitos de combustíveis. Fui à Belgica e meu trem tinha sido reduzido (cortaram alguns vagões). Resultado: viajei em pé, no meio do corredor entre os vagões, do lado do banheiro. E não fui a única. Acho que a maior parte do trem estava de pé. Quando cheguei na cidade de conexão a plataforma do meu trem só foi anunciada 2 minutos antes dele chegar. Uma correria só. Ninguém sabia se ele viria mesmo e só tínhamos 1 minuto para embarcar. Foi quando realmente senti na pele os efeitos da greve. Estou de férias até terça-feira. Parece que a situação está se controlando, mas aqui a gente nunca sabe o que esperar.
Por um lado dou graças a Deus de não ter que passar por essa decisão no Brasil, mas por aqui me sinto impulsionada a fazer alguma coisa, ou pelo menos entender a situação. Será que se eu estivesse aí também tentaria mudar as coisas?
Os valores mudaram tanto e ando tão decepcionada com as pessoas que nem sei. Esse post vai acabar assim, meio sem fim. Penso muito o tempo todo e não consigo concluir nada. Será que o mundo tem solução?

Um comentário:

  1. tem sim amiga, mas nem sempre uma solução significa paz, amor e blá blá blá mt vezes as soluções são duras.Mas somos jovens e o futuro há de ser belo!

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