quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Com o pé direito SEMPRE!

E mais um ano termina... Como passou rápido! Ultimamente passa cada vez mais rápido. Mas tanta coisa aconteceu que meu ano foi bem preenchido! Retrospectiva 2010:

Janeiro - comecei o ano em Floripa, conheci pessoas maravilhosas, me diverti muito na virada. Chegando em casa descobri que a Graviola, minha filhote de cruz credo, tinha fugido de casa. 3 dias mais tensos do ano eu diria. Pouco sono, muita correria, muito cansaço e alívio depois com o reencontro. O ano já começou com muitas emoções! Na volta aniversário do Rondon, super animado e muita festa já nos preparativos pra vir pra França.

Fevereiro - Continuação dos preparativos pra viagem, estudando francês, escrevendo a tese, e bebemorando muito. Nem lembro de mais nada marcante de fevereiro.

Março - Carnaval bombou! Minha despedida foi o máximo, com todas as pessoas queridas por perto. Camila voltou do Canadá, e dia 15 saí do Brasil. Portugal por duas semanas pra matar as saudades da família e dia 28 eu cheguei em Paris encantada. Logo na primeira noite saí com a Paula pra comemorar e no segundo dia conheci a francesa mais especial de todas, Fabienne, que mora no meu coração até hoje.

Abril - Primeira prova na Femis.

Maio - Raïssa em Paris. Conheci o João. Viajei pra Chambéry e não passei na Femis. Comecei a trabalhar.

Junho - 1 final de semana em Portugal pra ver minha mãe. Copa do Mundo. Início de namoro. Maria em Paris.

Julho - Aniversário, desespero pra achar apartamento, mudança, férias em Portugal (12 horas de trem).

Agosto - Finalmente no meu castelinho.

Setembro - As primeiras visitas, muita diversão. Tati veio morar comigo.

Outubro - Início da facul de maquiagem. Mais visitas: Ludy, Bella, Pamela, Humberto. Muitos passeios lindos! Viagem pra Amsterdam e Bélgica. Férias na faculdade.

Novembro - Comecei a trabalhar no restaurante mexicano. Larguei de lado ser babá.

Dezembro - João foi embora... Rafa, pai e Maria aqui. Férias na faculdade. Um Natal estrangeiro super divertido e muita comida!

Agora pronta pra entrar em 2011 com tudo! A diferença é que aqui em Paris eu não sinto aquela energia de fim de ano como no rio. Não sei se pq estou trabalhando muito ou pq tem sempre gente nova por aqui...mas sair de casa em dezembro no Rio é totalmente diferente. Vc sente no ar que o espírito das pessoas mudou, o sol tá a pino, as ruas vão ficando vazias, as pessoas mais felizes e animadas, tudo decorado, vestido fresco e sandália no pé, desculpas perfeitas pra água de coco na praia ou cerveja na esquina! Aqui o frio só aumenta, neve, muita neve. Outro dia me peguei andando na rua com frio, sono, fome e muita preguiça. Mas ainda tinha que andar um tanto pra chegar em casa. Olhei pro alto, vi a neve, as árvores com o cume branquinho e comecei a rir sozinha. Fiquei feliz de me ver aqui. E fiquei pensando que sempre morei numa cidade tão linda e poucas vezes me abobalhei com a natureza e com o céu do rio. Então achei melhor ficar feliz por estar morando em Paris, que tanta gente sonha em morar, mesmo estando cansada, com fome e com sono. A gente perde tanto tempo reclamando das coisas que se esquece de dedicar uns segundos pra falar bem ou apreciar. Que linda a neve, que fresquinho o ar, que delícia a vida!

Para 2011 minha listinha contém:
-visitar todos os meus amigos e dizer a eles o quanto os amo e o quanto são importantes pra mim
-passar o máximo de tempo grudada com a minha família aproveitando enquanto estão por perto
-fazer novas amizades, aprender, estudar, me dedicar, conhecer, fuxicar, perguntar, me informar
-ter sabedoria e paz de espírito pra resolver os problemas e paciência para as inevitáveis burocracias
-saúde para que eu possa bebemorar
-muitas gorjetas no restaurante
-energia pra continuar trabalhando e estudando e ainda assim começar a estagiar

E para o mundo eu desejo boas energias, amigos, sucesso e muitas realizações sempre!
Do resto a gente corre atrás!

Feliz 2011 e muita mandinga pra todos, que uma fézinha não custa nada!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

ET

Toda vez que penso nesse post acho que já está tarde demais para escrevê-lo, afinal fazem quase 9 meses que estou na Franca. Mas diariamente me acontece algo que me faz pensar que vou me sentir como um et pra sempre sendo estrangeira. Assim que cheguei aqui escrevi pra uma tia minha contando as diferenças de cultura e ela me disse: "vc está sentindo como um peixe fora d'água". Mas hoje em dia acho que na verdade não sou só eu que estou fora d'água, mas o olhar que o mundo tem sobre o estrangeiro é sempre diferente. Fiquei pensando tanto nisso que comecei a me sentir mal de como sempre tratei os estrangeiros no Brasil. Sinto sempre um misto de orgulho e curiosidade com aquela pessoa que saiu da sua casa pra viver uma outra vida em outro lugar totalmente diferente. Mas quando somos nós tudo muda de figura, mesmo os gestos mais simpáticos e bem intencionados. Lembro-me do primeiro dia de aula, todos deveriam se apresentar e falar um pouco da sua história pois segundo a professora de artes isso nos ajudaria a construir nossa carreira e nossa criatividade. Estava nervosa, com medo de falar errado e dizer besteira e comecei a me mexer na cadeira, abraçar os braços, cruzar as pernas, tirar e colocar o casaco. A professora se vira pra mim e pergunta se estou com frio. Disse que não, tudo bem. Logo em seguida foi a minha vez de falar e quando disse que era brasileira todos começaram a rir. Talvez por pensarem: "óbvio que ela está com frio, vem do brasil". Minha professora me pergunta então que tipos de animais, cores, florestas e sabores temos no Brasil e o que é mais diferente. Me senti como no desenho dos Simpsons. Sim, temos uma variedade maior de frutas, animais e flores, mas acho que o preconceito estava dentro de mim quando pensei que todos achavam que eu morava na floresta. No trabalho, quando vou atender uma mesa, tem sempre alguém que faz uma piada que eu não entendo e quando fico sem graça o riso é generalizado. Quando falo com sotaque pedem preu repetir a palavra, acham "fofinho", e meu chefe adora dizer que fala português: "é mto fácil malu, basta colocar o chi no final de todas as palavras que vira português". Outro episódio que me marcou muito foi quando numa aula teórica a professora estava ditando a matéria e eu fiquei parada prestando atenção. Ela parou o ditado, me olhou e falou: "vc não vai copiar não?" E eu respondi, "desculpe professora, mas é muito difícil acompanhar, depois eu copio o caderno de uma colega pq não quero escrever tudo na minha língua". Ela ficou sem graça, me deu os textos dela pra tirar cópia e todos os estrangeiros se manifestaram pedindo cópias também, embora ninguém tenha tido coragem de falar nada antes. Mais uma gargalhada coletiva. Mas hoje realmente foi a pior das experiências, embora eu já esteja mais descolada e já ria junto. Na aula de face painting, acabei cedo a minha maquiagem e perguntei pro professor se poderia ir embora. Ele disse que sim e me desejou boas festas. Depois me perguntou se eu tinha família aqui ou se eu iria ao Brasil passar o fim de ano. Falei que não pq vou trabalhar no Natal e no ano novo. Eis que ele começa a gritar na sala "Pessoal, Maria Luíza Tostes vai passar o Natal sozinha, eu repito, Maria Luíza Tostes vai passar o Natal sozinha. Alguém se habilita a convidá-la?" Queria me enterrar. Natal sozinha não é um drama e afinal de contas tenho dois amigos que vem pra minha casa, além da Tati que mora comigo e o namorado dela. Ainda estou tentando convidar a minha amiga coreana que tb não tem família aqui. Olhei pra ele e disse: "Não é verdade, vou passar com a Seing Yong (a coreana)." No final veio uma francesa (a que eu maquiei) e me falou: "Que viagem ele falar isso né, nada a ver." Pô, aí eu fiquei meio puta, pq nada a ver? ele tava querendo me ajudar não? Muito confuso esse mundo francês!
Tenho uma amiga austríaca no curso que me disse, "detesto quando as pessoas me tratam como a pobre estrangeira, bobinha que não entende direito o que a gente fala" ... é verdade, mas no fundo acho que se a gente se crê como a pobre coitada estrangeira isso faz com que os outros nos vejam assim. Nos primeiros dias de aula cruzei com uma menina da faculdade que veio falar comigo em inglês. É verdade que tenho mais facilidade em inglês que em francês, mas fiz questão de responder em francês. Se eu estou aqui é pq estudei, me dediquei, e sou capaz de falar a mesma língua que eles e de viver como eles. Afinal não consegui tudo o que tenho aqui do nada. Estou trabalhando já no terceiro emprego e os poucos amigos que fiz foi graças à minha personalidade, que é brasileira e que carrega toda a minha cultura e meu país com orgulho e amor! ET é a pqp!!!